Cidade de camara de lobos

No Sul da Ilha da Madeira, numa pequena baía ao lado do Funchal, encontramos Câmara de Lobos, local onde viveu um dos descobridores do arquipélago - João Gonçalves Zarco. A origem do seu nome provém da considerável quantidade de lobos marinhos encontrados aqui, quando Zarco partiu para esta enseada.

Um dos pontos mais conhecidos do município é o Curral das Freiras, uma pequena localidade no fundo de um vale, cujo nome advém das freiras de Santa Clara, que aqui viveram. Esta povoação poderá ser melhor observada a partir do Miradouro da Eira do Serrado, situado a uma altura de 1095 metros.

Este concelho oferece também algumas das melhores panorâmicas da ilha, através do Miradouro do Cabo Girão, o qual se encontra sobre o promontório mais alto da Europa (580 metros), e de onde se pode apreciar a paisagem entre a capital da Madeira e o Estreito da Câmara de Lobos. A partir do Miradouro do Pico da Torre poderá vislumbrar a pitoresca sede de concelho e algumas das suas freguesias.

Outro dos locais interessantes para visitar são a Fajã dos Padres, que apesar de ser pouco povoada é um animado local com restaurantes e fantásticas condições para desportos aquáticos. No que refere a monumentos, é de salientar a Igreja Matriz quinhentista da sede de concelho, alterada no século XVIII, e a Capela da Nossa Senhora Imaculada Conceição, também denominada como Capela de Nossa Senhora do Calhau, construída no século XVI.

Neste concelho, um dos primeiros a ser cultivado no arquipélago, podemos encontrar as vinhas que dão origem ao tão célebre Vinho da Madeira. Ao seu porto chega regularmente o peixe espada preto, pescado pelos pescadores locais, que é um dos produtos mais importantes utilizados na gastronomia tradicional madeirense. Outras especialidades gastronómicas do município são a gata e a sapata, ou seja, o bacalhau de Câmara de Lobos, e a espetada de carne.

Cidade de machico

Esta Villa de Machiquo (cabeça e assento deste Capitão primeiro Tristão) ainda que seja pequena, e de poucos uezinhos, he muito bem assentada, alegre, de muitas hortas, e pomares, situada no meio de húa Ribeira tam fresca como soberba" Jerónimo Dias Leite, século XVI Em Julho de 1419 João Gonçalves Zarco e Tristão "das ilhas" desembarcaram na formosa praia de Machico. Dava-se, assim, início à gloriosa epopeia dos descobrimentos portugueses. Aqui, foi celebrado a primeira missa na Madeira, por padres franciscanos, no dia da visitação de Santa Isabel (2 de Julho) que acompanharam a expedição, como agradecimento e regozijo da descoberta. Muitas hipóteses se têm levantado acerca da origem do nome de Machico. A mais conhecida, e não menos polémica, reside na lenda romântica dos malogrados amantes ingleses Robert Machim e Ana d´Arfet. O nome desta localidade parece que advém da corruptela da palavra Machim. A 8 de Maio de 1440 o infante D. Henrique doa a Tristão Vaz e seus descendentes a Capitania de Machico (que se estendia desde a Ponta da Oliveira, no Caniço, até à Ponta de S. Lourenço e desta até à Ponta do Tristão, no Porto Moniz). Machico torna-se, assim, a primeira sede de capitania do arquipélago da Madeira. Ainda no século XV, aproveitando a abundante água e o excelente clima, por toda a capitania desenvolve-se a produção de cana-de-açúcar. Aparecem os primeiros engenhos que transformam esta cana em "pãos de açúcar" que são exportados para toda a Europa. Embora a capitania não reunisse as melhores terras para o cultivo da cana-de-açúcar (em 1494 fornecia um quinto da produção regional) foi na antiga vila, segundo o cónego da Sé Jerónimo Dias Leite, que se ensaiou o fabrico de açúcar: "(...) o primeiro açúcar que se vendeu nesta ilha da Madeira foi na vila de Machico donde se começou a fazer e recolheram treze arrobas dele que se vendeu cada arroba a cinco cruzados (...)". Machico cresce economicamente graças ao lucrativo comércio. Algumas famílias machiquenses tornam-se socialmente poderosas, entre as quais, a família dos Capitães-Donatários. E é esta importante família que vai erigir a Igreja Matriz de Machico, em finais do século XV, tendo como orago a Nossa Senhora da Conceição. O povoado de Machico, tornado vila por certo de criação simultânea com a do Funchal (segunda metade do século XV), cresceu junto à ribeira protegido pela encosta, ao longo do vale. A vila, compreendia em meados do século XVI, dois pólos centrais. Do lado direito da ribeira, o bairro da vila com os principais edifícios públicos (Câmara, Alfândega e Igreja) e do lado esquerdo, o núcleo populacional da Banda d'Além, onde se localizava a Misericórdia e a Capela de Cristo, actualmente Capela de Nosso Senhor dos Milagres. Ao longo de cinco séculos a localidade foi crescendo à custa da luta das gentes residentes contra a implacável natureza e insularidade local. Desse estoicismo ficaram memórias. Testemunhos que hoje nos propomos a apresentar, no fiel objectivo de melhor conhecer a História e o Património do Concelho de Machico.